domingo, 19 de dezembro de 2010

Divã II

Minha cólera, minha ira se alastram como com o poder destrutivo de um vulcão. Deixo os destroços das palavras ditas e não ditas, destroços das ações não pensadas e pensadas. E me defronto diante dos destroços. São também fragmentos meus, porque inflo e expando-me, até meu limite máximo, de uma quase fissão nuclear. A impulsividade, a incapacidade de ser coerente, me põe como uma corda entre o abismo e o inferno.
Eu sou meu inferno. Minha consciência é meu inferno dantesco.
Resultado de forjar o que não sou. Das múltiplas facetas e personas que devo representar, perante os outros. Como se não me fosse permitido ser o que sou. As representações me consomem. Subo ao palco das hipocrisias humanas e nele forjo um papel que não consigo interpretar. Uso uma máscara que não me cabe na mente. Odeio a falsidade dos aplausos falsos, das criticas e vaias, quando o papel se corrompe e assume a realidade, que ninguém quer ver.
O palco, o teatro, a trama que se revelam, devem ser a de sempre. Finais felizes!
A tragédia que se subordina ao que é aceito socialmente, ao que é tolerável.
Não é um teatro... É picadeiro de circo que me enoja, porque percebo a estupidez da plateia, que se ri divertida, afinal, representamos bem nosso papel... Então, aplausos para a grande mentira, que conforta e conforma as dores da alma e alimentam as fantasias.

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